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Sexualidade e Quimioterapia

Como fica o sexo durante a quimioterapia? Essa é uma dúvida de muitos pacientes. É permitido? Precisa ter algum cuidado?

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a sexualidade é um aspecto central do ser humano, que influencia a saúde física e mental, devendo a saúde sexual ser um direito garantido à todas as pessoas. Importante sabermos a diferença entre sexo e sexualidade. Sexo é um ato de troca entre duas pessoas. Sexualidade é um conceito mais amplo, que envolve como o indivíduo se entende sexualmente, desejo, intimidade, expressão emocional, prazer, ternura e amor. O tratamento do câncer pode afetar a sexualidade de diversas maneiras: alteração da imagem corporal, depressão, diminuição da libido, dor, impotência, alteração da fertilidade etc. No entanto, a função sexual do paciente oncológico muitas vezes não é abordada pela equipe de saúde, ficando o paciente muitas vezes sem auxílio para lidar com possíveis dificuldades que possam ocorrer durante o tratamento. Uma das dúvidas frequentes de pacientes em tratamento oncológico, é como fica a função sexual durante a quimioterapia. Abaixo estão alguns esclarecimentos sobre o tema. A quimioterapia geralmente afeta as células germinativas presentes nos ovários e testículos, ocasionando alterações hormonais tanto no homem como na mulher. Nessa fase do tratamento pode haver diminuição do desejo sexual, tanto pelo stress emocional causado pelo diagnóstico, quanto pela diminuição da disposição física inerente ao tratamento. Geralmente a mulher em quimioterapia para de menstruar e entra em menopausa. Por causa dessa alteração hormonal, é comum ocorrer secura vaginal e dor durante penetração, pela diminuição da lubrificação. No homem pode ocorrer diminuição do fluxo sanguíneo ao pênis, assim como dano aos nervos que controlam o pênis, com consequente dificuldade de iniciar ou manter a ereção. Apesar das alterações hormonais muitas vezes levarem à infertilidade durante o tratamento quimioterápico, a gravidez pode ocorrer e deve ser evitada (além do preservativo, importante conversar com a equipe de saúde qual outro método anticoncepcional pode ser utilizado). Durante a quimioterapia ocorre também queda da imunidade e da coagulação, deixando o paciente mais suscetível a infecções e sangramento. No entanto, apesar de tudo isso, as atividades sexuais podem ser mantidas na grande maioria dos casos, apenas com alguns cuidados a serem tomados. O sexo durante a quimioterapia somente deve ser evitado se a contagem de plaquetas ou de leucócitos estiver muita baixa. Segundo a Sociedade Americana de Câncer (American Cancer Society), geralmente se o paciente está liberado para ter contato público, estará liberado para sexo. Caso o paciente esteja com imunidade baixa a ponto de necessitar internação, deve solicitar orientação da equipe de saúde sobre restrição a beijos e contato íntimo. Caso o nível de plaquetas esteja muito abaixo do normal, com sério risco de hemorragias, as relações com penetração também devem ser evitadas – a equipe de saúde deve orientar o paciente nesses casos. Importante o paciente em tratamento oncológico saber que o carinho e o toque são permitidos em TODAS as situações durante o tratamento. Essencial o paciente entender seus desejos em cada fase do tratamento e, caso esteja em um relacionamento, conversar com o companheiro sobre suas vontades e dificuldades. Bom ter em mente que existem diversas formas de carinho que não envolvem necessariamente o ato sexual. O carinho e o aconchego são extremamente importantes e trazem conforto durante o tratamento. No entanto, quando o paciente tem desejo e está aberto a manter relações sexuais durante a quimioterapia, salvo raras exceções, elas são permitidas. Apenas alguns cuidados devem ser tomados: 1) Usar camisinha em todas as relações - o quimioterápico utilizado no tratamento está presente na secreção vaginal, no sêmen e na saliva. Usar preservativo previne que o medicamento seja passado para o companheiro. - a camisinha é uma barreira a agentes infecciosos. Usar nas relações vaginais, anais e orais. - o preservativo é um ótimo método anticoncepcional. Observações: o preservativo somente funciona se utilizado do começo ao final da relação, com atenção ao fato de que mesmo as relações orais devem ser protegidas (no caso de sexo oral na mulher, a proteção pode ser feita com plástico filme ou com adaptação do preservativo feminino). 2) Usar lubrificante à base de água - a diminuição da lubrificação vaginal, ocasionada pela queda da taxa hormonal, pode causar dor durante relações com penetração 3) Não tocar a região de uretra, pênis ou vagina após tocar a região anal - o germes presentes no ânus podem contaminar essa região 4) Urinar alguns minutos após a relação sexual - urinar após a relação sexual pode prevenir infecções do trato urinário, pois a urina “lava” as bactérias que poderiam iniciar uma infecção após o ato. Observações: - infecções vaginais por fungo são comuns durante o tratamento quimioterápico, especialmente em mulheres que tomam corticoide ou antibióticos para prevenção de infecções bacterianas. Em caso de secreção vaginal e prurido, o médico deve ser comunicado. Importante saber que não é o fato de estar sexualmente ativa a causa da infecção fúngica, mas o efeito do tratamento em si e das medicações associadas. Evite usar calças apertadas e tecidos sintéticos durante o tratamento como forma de prevenção. - a quimioterapia pode ocasionar quadro de herpes, caso o paciente já tenha tido o vírus no passado. A qualquer sinal de surgimento de herpes o médico deve ser imediatamente comunicado.

Samantha Rizzi

Referencias: ABRALE. Vida sexual durante o tratamento. http://www.abrale.org.br/p…/vida-sexual-durante-o-tratamento American Cancer Society. Sexuality for the Woman With Cancer. http://www.cancer.org/ American Cancer Society. Sexuality for the Man With Cancer. http://www.cancer.org/ INCA. Quimioterapia. Orientação aos pacientes. http://www1.inca.gov.br/…/Ori…/orientacoes_quimioterapia.pdf ONCOGUIA. Disfunção sexual. http://www.oncoguia.org.br/conteu…/disfuncao-sexual/207/109/


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